A Trajetória do “Profexô”. Como um dos maiores treinadores de todos os tempos iniciou sua carreira e espera terminá-la!

 

Uma notícia que certamente pegou muita gente de surpresa esta semana foi a manifestação de Vanderlei Luxemburgo que, por meio de uma live no instagram, disse que o Palmeiras pode ser o último clube no qual vai trabalhar como treinador e que seria muito bom encerrar aqui com uma grande conquista. “Minha carreira não está longeva mais, né? Está muito mais próxima de terminar. Quem sabe eu não termine minha carreira no Palmeiras com uma grande conquista. Aí posso me aposentar. Seria uma coisa muito boa. Para mim seria muito gostoso!”

Embora não seja uma resolução definitiva e ele possa reconsiderar e mudar os planos, Vanderlei já indicou um desejo que de fato seria roteiro de cinema. Tendo o Palmeiras sido o clube que praticamente o consolidou como técnico, juntamente ao Bragantino, com grandes trabalhos que iniciaram a sua vitoriosa carreira, ter neste clube o encerramento de seu ciclo como técnico com a conquista da Libertadores, única glória que falta em seu currículo e o título que mais almejamos, seria o “gran finale” que ele e nós merecemos.

Tendo dito isso, acho extremamente válido abordarmos a trajetória de um dos maiores treinadores brasileiros de todos os tempos, que inclusive foi eleito pelo Esporte Interativo “O Melhor Treinador Brasileiro da História”, através do Polêmicas Vazias Nº 200 pelo comentarista esportivo Bruno Formiga.

Vanderlei Luxemburgo começou no futebol como jogador, foi lateral esquerdo entre 1971 e 1980, com passagens por Flamengo, Internacional e Botafogo. Teve uma carreira modesta, até por ter disputado posição com Junior “Capacete”, um dos maiores ídolos do da história do Flamengo. Após sair do rubro negro, onde colecionou alguns troféus (3 títulos Cariocas e 3 Taças Guanabara), Luxemburgo passou despercebido e sem títulos até encerrar a carreira em 1980, após uma contusão no joelho.

Tal modéstia nem de longe contentou o homem, que se graduou em Educação Física em 1983 e deu inicio à sua  jornada como técnico. Foram 6 anos de passagens discretas entre Campo Grande e Friburguense e até Fluminense e Vasco, até chegar ao Bragantino em 1989, onde fez seu primeiro grande trabalho. Como é possível perceber, até então era um técnico de pouco renome, mas a partir do momento em que assumiu o pequeno e quase inexpressivo Bragantino, sem os investimentos que hoje este recebe da parceria com a Redbull, e o o conduziu às conquistas da série B de 1989 e do Paulistão de 1990, Vanderlei Luxemburgo apareceu no mercado como um nome a se observar com cuidado.

O sucesso chamou a atenção do Flamengo, que contou com ele como jogador e agora via-o retornar como treinador. Na Gávea, entretanto, não conseguiu repetir o sucesso, tendo uma passagem rápida e assumindo o Guarani ainda em 1991. Ainda em São Paulo, trocou o Guarani pela Ponte Preta em 1992, acumulando 3 passagens sem títulos.

Seria Vanderlei um técnico esporádico que “deu sorte com o Bragantino”? Não! Em 1993, com os investimentos da Parmalat, o Palmeiras buscava voltar a ser a potência de outrora que marcou época com a primeira e a segunda academias de futebol, e Vanderlei Luxemburgo recebeu o voto de confiança para esta importante tarefa.

O resto é história! Vanderlei orquestrou um time fantástico, com Edmundo, Evair, Edílson, Velloso, Zinho,Roberto Carlos entre outros, e com este time o Palmeiras venceu 5 títulos em 2 anos, sendo 2 brasileiros, 2 Paulistas e 1 Rio-São Paulo (com 3 destes títulos sendo conquistados em finais contra nosso arquirrival). Esta passagem tão lembrada e festejada pela torcida palmeirense já foi o suficiente para elencá-lo como ídolo, mas não seria o fim de sua história com as cores Palestrinas.

Após breves passagens por Flamengo e Paraná em 1995, retornou ao Palmeiras ainda no mesmo ano. Montou em 1996 a “seleção” conhecida como “o ataque dos 100 gols”. A equipe, que contava com Rivaldo, Luisão, Muller, Djalminha, Cafu e outros craques fez história ao conquistar o o título Paulista de forma quase invicta e aplicando diversas goleadas (como o 6×0 em cima do Santos em plena Vila Belmiro), além de ter aplicado 5×1 em jogo amistoso contra o Borussia Dortmund da Alemanha (time que viria a ser campeão da Champions League na mesma temporada).

Mas não só de Palmeiras fez sua carreira. Como sempre teve a característica de assumir diversos times em trabalhos “curtos”, assumiu Santos, vencendo o Torneio Rio-São Paulo, e depois Corinthians, sendo muito importante para estruturar nosso arquirrival. Entre 1997 e 1998, criou a espinha dorsal de um alvinegro que passou a ser extremamente competitivo, inclusive sendo o grande responsável por redesignar Freddy Rincon, que havia sido seu jogador no Palmeiras como meia, mas que no Corinthians foi adaptado para a função de volante e deu muito certo.

Seus grandes trabalhos o levaram à seleção brasileira, tendo conquistado com a amarelinha a Copa América de 1999 e o torneio Pré Olímpico de 2000. Após grande pressão por não ter levado Romário para as Olimpíadas e o insucesso na almejada competição, foi substituído no comando da seleção por outro grande ídolo palestrino, Felipão, que havia conquistado a América há pouco conosco e pouco depois nos trouxe o Penta.

Voltou ao Corinthians em 2001, conquistando um título paulista, e ao Palmeiras em 2002. Sua terceira passagem ficou marcada negativamente, pelas passagens por rivais e sendo o ano do primeiro rebaixamento do clube, tendo sua imagem sido arranhada ainda que não e jamais apagada dentro do Palmeiras.

Em 2003 conquistou a tríplice coroa (Brasileirão, Copa do Brasil e Estadual) com o Cruzeiro, comandando Alex, Edu Dracena e Felipe Melo no que talvez tenha sido o melhor ano de sua carreira. Especialista em ganhar títulos nacionais, trocou o Cruzeiro pelo Santos em 2004, conquistando mais um campeonato brasileiro.  Àquela altura, Luxa já havia sido campeão brasileiro em 5 oportunidades (2x com Palmeiras, 1x com Corinthians, 1x com Cruzeiro e 1x com Santos)

Com um currículo que dispensa palavras, chegou ao Real Madrid em 2005. Comandou o time dos galáticos com Zidane, Beckham, Ronaldo, Roberto Carlos e Figo. Com tantas expectativas, apesar de ter tido um desempenho de 67,4% com direito a uma vitória por 4×2 sobre o rival Barcelona (além de ter sido o primeiro treinador a escalar Sergio Ramos como zagueiro), o desempenho da equipe foi considerado “incompatível com as expectativas” e ele, que encontrava dificuldades com o idioma e tinha menos pompa que os demais foi um dos vários técnicos demitidos neste período.

Desde então sua carreira tem sido mais discreta, com 6 títulos estaduais (por Santos em 2006 e 2007, Palmeiras em 2008, Atlético-MG em 2010, Flamengo em 2011 e Sport em 2017), e a recente boa passagem pelo Vasco (assumindo o clube na ultima colocação do campeonato brasileiro e o levando à 12º colocação, bem longe do rebaixamento). Com destaque à quarta passagem pelo alviverde que nos rendeu nosso último título estadual.

Mas discrição não condiz com um técnico que venceu 5 títulos brasileiros, 2 Rio-São Paulo, 1 Copa do Brasil,  1 Copa América e 12 títulos estaduais (sem contar Taças Guanabara). Sua volta ao Palmeiras marca sua tentativa de voltar aos holofotes, talvez pela última vez.

Em 2020, em sua quinta passagem pelo Palmeiras, já venceu a Flórida Cup, que antes que venham críticas: “sim, é um torneio amistoso de pouca expressão”. Mas já é “um pé direito” para o que esperamos de um técnico tão vitorioso e diante do que foi sua carreira até aqui, nada mais justo que um encerramento com chave de ouro e confetes verdes, diante do clube em que foi mais campeão e decisivo, que mais o agradece, que teve a honra de vê-lo começar a brilhar e espera ter a honra de vê-lo encerrar sua história como técnico.

Autor da Matéria: Matheus Jane Milan

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